- A arquitectura romana: o belo e o útil
A arquitectura romana fundamentava-se em quatro condições essenciais,
ditadas no tratado de Vitrúvio (séc. I a.C.) no que se considera ser a primeira
teoria da arquitectura formulada: firmitas — a resistência, solidez —, utilitas — utilidade, funcionalidade —, venustas — beleza, euritmia — e decorum — decoro, dignidade. Estas condições vão dar coerência da arquitectura
romana.
Dentro destas cláusulas, uma levanta uma questão muito importante
relativamente aos avanços dos romanos neste campo artístico: o decorum. Esta condição referia-se explicitamente à necessidade em respeitar as
ordens arquitectónicas estabelecidas pela tradição e a coerência formal dos
edifícios, o que revela a grande consistência e maturidade em que se encontrava
a arquitectura romana. Já firmitas — a resistência — era um valor importante adoptado pelos romanos. As suas
obras tinham de ser austeras, sólidas e evidenciar a força do império —
característica eminentemente helenística.
Relativamente ao utilitas — funcionalidade —, pode-se considerar que é um dos grandes avanços da
arquitectura romana. Já não se preocupando apenas com o aspecto
exterior/fachada, os romanos deram valor ao espaço interior e à utilidade do
edifício, o que se revela na organização do espaço interno.
Os romanos introduziram igualmente novas tecnologias, técnicas e materiais
de construção. Uma das maiores contribuições a nível construtivo foi a
argamassa. Tratava-se de uma pasta que era introduzida numa cofragem — opus caementicium — ou entre as próprias estruturas de
revestimento (paredes) — opus incertum.
Outra inovação foi a utilização sistemática do arco de volta perfeita —
arco romano — e da abóbada de berço — rotação axial do arco de volta perfeita
(semi-esfera). Estas duas estruturas incluem-se na condição firmitas (são elementos estruturais), adquirindo um simbolismo relativo a poder e
desígnios imperiais. Também foram mais um passo em direcção à construção de
edifícios maiores e mais arrojados, devido à sua resistência.
Outra característica importante patente nos edifícios romanos é a
inclusão de uma estrutura que os eleve acima do solo e de outros edifícios — o podium. Esta estrutura é também uma referência simbólica ao poder do império
romano.
Reconstituição de uma casa romana
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